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Mostrando postagens de março, 2008

O meu teste de fogo

Cláudio Amaral O meu teste de fogo para a primeira transferência de cidade dentro da rede de correspondentes do Estadão foi a cobertura dos Jogos Abertos do Interior em Bauru (SP), em 1970. Eu nunca havia participado de uma cobertura tão grande. Além da grandeza e da importância daquele trabalho, tive que enfrentar uma ciumeira inexplicável do pessoal de Bauru. Jornalistas, dirigentes e políticos locais não se conformavam com o fato de o Estadão ter mandado a aquela cidade exatamente um repórter de Marília, que eles consideravam inferior em todos os sentidos. Queriam, e até me disseram isso sem cerimônia, que o jornal tivesse mandado um jornalista de São Paulo. Passei por cima desta questão. Até porque eu tinha muito que fazer durante os Jogos Abertos do Interior. O Estadão me hospedou no melhor hotel de Bauru, mas o que menos fiz naqueles dez dias fora de casa foi dormir. Acordava com o raiar do Sol e ia dormir sempre depois da meia-noite, ou seja, após a última competição e o último

Pautas que fazem a diferença

Cláudio Amaral Numa das mensagens que enviei aos meus amigos desde Campo Grande, onde trabalhei em 2004 e 2005, contei a eles a experiência vivida em torno de uma pauta especial elaborada pelo coordenador de Produção do jornal diário O Estado de Mato Grosso do Sul, Walter Gonçalves, cumprida pela repórter Laura Miranda: os pecados mais repetidos nos confessionários da capital de Mato Grosso do Sul. Laura, a quem eu tive a honra de admitir e orientar n´O Estado de MS, onde fui diretor de Redação, entrevistou padres e pecadores. Até porque era (e espero que continue sendo) uma freqüentadora assídua da Igreja Católica Apostólica Romana. Cantora nas horas vagas, hoje com CDs gravados, Laura Miranda nos mostrou que o adultério era um dos pecados mais citados nos confessionários de Campo Grande. Voltei ao assunto em fins de julho de 2005, quando trabalhava em Franca (SP), em função de uma pauta do Comércio da Franca (SP): objetos esquecidos. A reportagem mostrava que estavam esquecidos em re

Quantos de nós?

Cláudio Amaral Acabei de ler a reportagem intitulada “Como nossos pais”, de autoria de Patrícia Villalba, publicada na capa e nas páginas 4 e 5 do Caderno 2 do Estadão de segunda-feira, 17/3/2008. Li e, como sempre, fiquei com algumas – às vezes, muitas – indagações na cabeça. São questões que gostaria de dividir com e-leitores do blogue Aos Estudantes de Jornalismo . O objetivo é provocar reflexões e debates a respeito. Combinado? Estão, vamos lá: 1) Queridos Amigos , título da minissérie que a Rede Globo de Televisão exibirá até o dia 28/3/2008, é, igualmente, um livro escrito por Maria Adelaide Amaral, chamado Aos Meus Amigos . Quantos de nós lemos esta obra da autora do texto da minissérie, editado pela Globo? 2) Na abertura da reportagem, Patrícia Villalba faz referência ao “esfacelamento das ilusões políticas que sobraram depois da Anistia, da campanha pelas Diretas, da morte de Tancredo Neves e, enfim, da eleição de 1989”. Quantos de nós conhecemos bem esses temas tão importante

Mestre Irigino Camargo, o primeiro jornalista a acreditar em mim

Cláudio Amaral Coloquei o telefone no gancho e encostei-me na parede de alvenaria coberta por uma folha de lambri furadinho que havia no lado esquerdo da mesa que eu ocupava na Redação do Jornal do Comércio de Marília. Era algo como 7 horas da noite e o dono jornal, Mestre Irigino Camargo, que havia saído pontualmente às 6 horas da tarde para tomar banho e jantar na casa dele e do dona Zezé, estava chegando de volta para conferir a impressão do JC. A rotina dele era britânica: chegava ao jornal às 7 horas da manhã, fechava às 11 horas, almoçava em casa a comida de dona Zezé ou da mãe dela, voltava ao meio-dia e saia para o jantar às 6 horas da tarde, quando deixava a edição do dia seguinte fechadinha. Às 7 horas da noite ele voltava, enfiava a cabeça numa portinhola que lhe permitia ver a área de impressão e falava ou com Armindo Travagim, o Armindão, o chefe da oficina, ou com o ‘Cidão’, que operava a maquina que recebia papel em branco de um lado e cuspia o jornal impresso do outro,

No Estadão, aos seis meses de profissão

Cláudio Amaral Ingressei na equipe de correspondentes do Estadão com apenas seis meses de profissão. Eu havia me tornado jornalista profissional, de fato, no dia 6 de janeiro de 1969, a partir de quando passei a viver por minha conta a risco e com recursos próprios. Havia viajado de Adamantina, minha cidade natal, a cerca de 600 quilômetros da Capital paulista, para Marília, distante 450 quilômetros de São Paulo, no dia 5 de janeiro de 1969. Viajei de trem, numa composição da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, posteriormente absorvida pela Fepasa (Ferrovias Paulistas S/A). Até então, eu vivia na casa de papai e mamãe. Sim, eu tinha o meu próprio dinheiro, mas quem sustentava a família (meus pais, meu irmão e minha irmã caçula) era meu pai. Ao sair de Adamantina, no dia 5 de janeiro de 1969, eu deixei de ter meu sustento garantido pelo ‘seu’ Lazinho (Lázaro Alves do Amaral). Voltava para casa dos meus pais quase todo sábado, sempre de trem. E, como a maioria dos jovens da minha id

10 livros de jornalismo

Tais Laporta Indicar livros é sempre uma tarefa arbitrária. Ainda assim, uma boa orientação pode alavancar a leitura de iniciantes aventureiros. Trombei com uma pilha de títulos sobre (e de) jornalismo durante minha formação, mas poucos são inesquecíveis, de verdade. Encontrei-os como agulhas no palheiro – mas valeu a pena. As obras ruins e medianas hoje não passam de uma vaga lembrança, enquanto que as boas – as que fizeram diferença – estão impregnadas na minha vida. Não importa se tais livros são clássicos ou meros desconhecidos, tampouco se indicados pelas faculdades de jornalismo. Na verdade, o que interessou nessa seleção é o que atingiu meu gosto pessoal. Por isso, recomendo a lista sem culpa para quem quer iniciar sua jornada por bons livros que levam à arte do jornalismo. Ficaram de fora muitas obras-primas que mereceriam destaque, mas isso se deve à limitação da lista (10) e por ainda não ter lido um décimo da infinita gama de livros já escritos na área. Tomei como critério d

Minha aventura pela BR 153

Cláudio Amaral Minha primeira viagem como jornalista e repórter do Jornal do Comércio de Marília foi pela BR 153, ou melhor, pelo leito daquela que viria a ser a Rodovia Transbrasiliana em território paulista. Foi no segundo semestre de 1969, quando os militares estavam com tudo, no Brasil inteiro. Era o Exército quem comandava a implantação da Transbrasiliana. Por quê? Por conta da força política dos militares que derrubaram João Goulart em março de 1964 e assumiram o poder central no Brasil, pelo fato de a Transbrasiliana ser considerada uma rodovia de integração nacional e dada à experiência que o Exército possuía na abertura de estradas de rodagem em locais e condições desfavoráveis. Dois coronéis do Exército que freqüentavam a direção do Jornal do Comércio de Marília ofereceram ao meu patrão, e Mestre, Irigino Camargo, a oportunidade de o JC relatar com exclusividade aos seus leitores como estavam as obras e como seria a BR 153 em solo paulista. Tanto Irigino quanto eu topamos na

Minhas reportagens mais difíceis

Cláudio Amaral Lembro-me bem das duas reportagens mais difíceis que eu fiz nestes 39, quase 40 anos de Jornalismo. Foram dois incêndios em São Paulo: os dos edifícios Andraus e o do Joelma . Um aconteceu no dia 24 de fevereiro de 1972. O outro, no dia 1° de fevereiro de 1974. Um edifício fica na esquina da Avenida São João com a Rua Pedro Américo. O outro, na Avenida 9 de Julho, 225, com fachadas para a Praça da Bandeira (lateral) e Rua Santo Antônio (fundos). No incêndio do Andraus morreram 16 pessoas e 330 ficaram feridas. Na tragédia do Joelma tivemos mais mortos ( 176 ) e menos feridos (300). Quando soube do incêndio do Andraus, ocorrido no fim da tarde, eu estava na sala de imprensa da Federação Paulista de Futebol. Era repórter esportivo do Estadão. Por ocasião do incêndio do Joelma, iniciado por volta das 9 horas da manhã, eu ainda estava no apartamento em que morava, na Rua Machado de Assis, na Aclimação. Eu, Sueli e nossa filha Cláudia, de menos de um ano.

Dá pra explicar, colegas do Metro?

Cláudio Amaral Notícia número 1: “Anulada demissão por flatulência ”. O quê? Notícia número 2: “ Hermafrodita é o foco do longa ‘XXY’”. Como? Notícia número 3: “Drama de ‘ epilético ’ chega ao fim”. Hein? Essas três notícias saíram num mesmo jornal e na mesma edição. A publicação em questão é o Metro, “um jornal gratuito, distribuído de segunda a sexta na cidade de São Paulo” e que faz “parte da rede Metro International de jornais, presente em mais de 20 paises e com alcance diário superior a 20 milhões de leitores”. Ou seja: como “um jornal qualquer” ninguém pode classificar o Metro. Até porque o diretor editorial e a editora geral são dois jornalistas conhecidos e respeitados: Ricardo Anderáos e Noelly Russo. Mesmo assim, na edição desta sexta-feira, 29/2/2008, o Metro pisou na bola por pelo menos três vezes. Se eu, prestes a completar 40 anos de Jornalismo, fiquei indignado ao ler as tais três notícias, imagine você, caro e-leitor, as pessoas do povo que pegam e lêem Metro a partir

Deu no J&Cia.: vem aí a Escola Livre de Jornalismo

Com o objetivo de apoiar estagiários e recém-formados em Jornalismo, dois experientes jornalistas radicados em Brasília criaram a Escola Livre de Jornalismo . As atividades idealizadas por Leandro Fortes (Carta Capital) e Gustavo Krieger (Correio Braziliense) têm início marcado o dia 15 de março de 2008 e o local será a sede do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal. A Escola Livre de Jornalismo oferecerá a estagiários e recém-formados a chance de debater e aprender Jornalismo com profissionais experientes e premiados. Entre eles estarão Eugênio Bucci (ex-presidente da Radiobrás), Ricardo Noblat e Jailton Carvalho (O Globo), Xico Sá (Folha de S.Paulo), Silvia Faria e Zileide Silva (Globo), Cláudio Júlio Tognolli (ECA/USP e revistas Rolling Stone, Galileu, Joyce Pascowitch e Consultor Jurídico), Cristiano Romero (Valor Econômico), Olímpio Cruz Neto (Iesb e ex-Correio, Folha, O Globo, JB e ZH), Érica Klingl (Correio), Gil Castelo Branco (site Contas Abertas) e Estevão Damásio (CB