COMO NÃO ESCREVER EDITORIAL
Luiz Roberto
de Souza Queiroz (*)
O segundo
editorial do Estadão de hoje (23 de Fevereiro de 2020) conseguiu o recorde de
colocar o sujeito da frase na 13ª linha.
E depois se pergunta porque os jornais
perdem leitores.
O texto parece escrito propositadamente para o leitor
desistir, pois abre assim: "Criada há 15 anos pelo Instituto de Matemática
Pura e Aplicada (IMPA), com o objetivo de melhorar a qualidade da educação básica, incentivar o aperfeiçoamento dos
professores da rede pública e identificar jovens talentos e incentivar seu
ingresso em universidades conceituadas, a Olimpíada Brasileira de Matemática
das Escolas Públicas...."
E nem aí o 'redator' acaba o parágrafo, continua
sem nenhum ponto.
Os editoriais que continuam ilegíveis mais de meio século
depois da morte do dr. Julinho (**), me lembram da primeira pesquisa contratada pelo
jornal, no início da década de 1960. Dr. Julinho tinha certeza que a pesquisa
mostraria os editoriais como a sessão mais procurada do jornal (embora ele
confessasse que abria o jornal direto na coluna de Falecimentos).
O resultado o
decepcionou profundamente, a sessão mais lida era das tiras de histórias em
quadrinhos.
Não adiantou nada explicar que para ser lida a 'Nota Um' e os
demais editoriais deveriam ser escritos em ordem direta - sujeito, predicado,
complemento -, em frases e parágrafos curtos, como nos jornais do mundo inteiro
e como se ensinava nas escolas de jornalismo, que ele repudiava.
Os editoriais
continuaram ilegíveis e 50 anos depois continuam escritos da mesma maneira.
Não
seria o caso de publicar algum no Facebook e verificar se recebe uma única
curtida que seja?
(*) Jornalista e ex-Repórter do jornal O Estado de S. Paulo, escreveu esse texto originalmente para a página eXtadao, no Facebook.
(**) Júlio de Mesquita Filho (1922-1996): https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_de_Mesquita_Neto
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