A importância da equipe madrugadora


Cláudio Amaral

Houve um tempo, muito tempo, que o jornalista, boêmio por natureza, só começava a chegar à Redação à tarde.

Muitos, no fim da tarde.

Outros, à noite.

Era assim porque os jornais, mesmo os maiores do Brasil, tinham tiragens pequenas e circulação geograficamente restrita.

Podíamos, portanto, fechar tarde, do meio da madrugada para o início da manhã, porque, mesmo assim, os jornais chegavam às mãos dos leitores a tempo de serem lidos no café, a caminho do trabalho ou antes do começo da jornada de cada um.

Hoje, não.

As tiragens cresceram, o tráfego de veículos fica cada vez mais difícil (mesmo em cidades do porte de Santos) e, por consequência, é preciso começar cedo, na Redação, para que o produto final chegue a tempo onde os leitores precisam que os jornais cheguem.

No caso d’A Tribuna, em quase todas as cidades do Litoral + São Paulo + ABC.

É por isso que os administradores de redações passaram a dar – e dão – cada vez mais importância para as equipes da manhã, as madrugadoras.

E n’A Tribuna também é assim.

A pauteira/chefe de reportagem Flávia Saad, por exemplo, chega aqui antes das 7h.

Os repórteres entram a tempo de fazermos a primeira reunião do dia às 8h30, com a participação da representante do Expresso Popular, Fernanda Lopes.

Distribuídas e discutidas as pautas, a maioria vai para o café, em geral preparado pelo repórter Luiz Gomes Otero.

No café, lá no fundo do 2º andar, os repórteres continuam a trocar idéias, uns dando pitacos nas pautas dos outros.

O clima é sempre de cortesia, de amizade, de camaradagem.

E hoje (6 de novembro de 2008) não foi diferente.

Até bem antes do cafezinho.

Mais precisamente a partir do momento em que o repórter César Miranda colocou os pés na Redação.

Ele foi saudado pelos colegas de uma maneira diferente nesta quinta-feira ensolarada na “Capital da Baixada Santista”.

E motivo nós todos tínhamos: pela segunda vez na semana, César havia feito a reportagem que deu a manchete do jornal: “Sabesp garante que não faltará água na Baixada”.

Modesto e tímido, este paulistano (e torcedor do São Paulo FC) nascido há 33 anos no Ipiranga, o bairro em que D. Pedro I gritou “Independência ou Morte”, está n’A Tribuna desde 2001.

Trabalhou na Tribuna Digital até meados de 2005, quando passou a integrar a brava equipe de reportagem da manhã.

Ele gosta de ler jornais desde os 10 anos, quando ainda não conhecia a Baixada.

Veio para cá aos 13 anos e foi morar com a família em Guarujá.

Formou-se em Jornalismo na Unisantos em 1998 e gosta da profissão porque tem prazer em “contar histórias” e por entender que “é isto que sempre agrada o leitor”.

Com as reportagens desta semana foi assim, segundo César.

Com o produto da manchete desta quinta-feira não foi diferente.

Ele saiu da Redação, na quarta-feira, antes da reunião de pauta terminar (César e o repórter fotográfico Rogério Soares).

Foram à Sabesp com a missão de contar a história do encontro dos conselheiros do Condema, o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, que começaria às 9h.

Mais do que isto, César tinha uma missão especial, estabelecida por ele mesmo: arrancar do presidente do Condema e superintendente da Sabesp na região, Reynaldo Eduardo Young, o compromisso de que não faltará água no próximo verão.

Foi e conseguiu.

No início da conversa, segundo César, o dirigente da Sabesp não queria falar a respeito.

Só queria saber da reunião do Condema.

Mas, aos poucos, Young foi falando.

E acabou falando aquilo que o repórter queria.

À noite, no Teatro Coliseu, na Rua Amador Bueno, 237, no Centro de Santos, Young me disse:

- “O César é um repórter insistente”.

E eu perguntei a ele:

- “E você disse ao César que não vai faltar água no verão?”.

Prontamente, Young confirmou:

- “Sim, disse sim. Disse e sustento”.

Resultado: o trio que decide a manchete d’A Tribuna (o Editor-Chefe Wilson Marini, a Editora-Executiva Arminda Augusto e o Editor de Capa Mário Jorge) sacramentou:

- “Sabesp garante que não faltará água na Baixada”.

Para alegria de César Miranda e da equipe que dá o ponta-pé inicial nos trabalhos da Redação.

Cláudio Amaral
(Editor-Executivo n'A Tribuna de Santos de 1º/10/2008 a 16/6/2009)
06/11/2008 12:00:09

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