Marília vai formar seus técnicos (3/12/1969)
Cláudio Amaral
Da Regional de Marília
Marília já se está preparando para a instalação do Colégio Técnico, um dos 33 estabelecimentos que o govêrno do Estado vai criar por meio do Departamento do Ensino Profissional de São Paulo, formando a maior rêde da América Latina. É o que anunciou o prof. Walter Costa, diretor do DEPESP, em recente visita a Marília.
O Colégio Técnico de Marília será instalado em 1971 no futuro “campus” de ensino técnico desta cidade, que se localizará em área de 45 mil metros quadrados, próximo ao contorno das estradas “Ribeiro de Barros” e Marília-Porto Ferrão. A doação do terreno, escolhido pelo diretor do Ensino Profissional, já está sendo preparada pela Prefeitura local, que enviará projeto de lei à Câmara de Vereadores, neste sentido.
Também as instalações do Colégio Técnico já estão sendo projetadas pelo arquiteto Raymond Trad, que anuncia um prédio grande, mas sem suntuosidade, conforme lhe pediu o diretor do Departamento do Ensino Profissional do Estado de São Paulo. A elaboração dêsse projeto será custeada pela Prefeitura Municipal de Marília, que prevê gastos da ordem de 20 a 30 mil cruzeiros novos. Assim que esse trabalho estiver concluído, o projeto será encaminhado ao DEPESP, que o estudará e fará modificações, se necessárias. Daí, a planta irá ao Fundo Estadual de Construções Escolares – FECE – que será o órgão encarregado de executar as obras de convenio com a Prefeitura de Marília.
Dos 33 estabelecimentos que o Departamento do Ensino Profissional, 21 serão oficiais e 12 funcionarão mediante convênios com escolas e fundações particulares. Entretanto, isso não impedirá que os cursos sejam totalmente gratuitos.
As cidades que serão beneficiadas com a instalação dos Colégios Técnicos já foram escolhidas, “por méritos e sem intervenções políticas” – afirmou o professor Walter Costa.
O início das atividades dos Colégios Técnicos não será apressado, pois não há interesse por parte do Departamento do Ensino Profissional em fazer funcionar escolas “capengas”. Atualmente, as preocupações do DEPESP são três: construção de prédios, aquisição de equipamentos e preparação do pessoal docente.
PRÉDIOS
A construção dos prédios onde serão instalados os Colégios Técnicos é fator importante para o professor Walter Costa, que não acha justo uma escola ser luxuosa por fora e vazia em seu interior. “Não importa que o prédio não seja nôvo ou não apresente beleza. Basta que ofereça condições para que o colégio possa funcionar adequadamente” – disse o diretor.
Nem todos os estabelecimentos terão instalações novas, pois muitos ginásios industriais serão transformados em colégios técnicos. Nesses casos haverá necessidade apenas de ampliação e adaptação nos prédios já existentes. Todas as obras serão executadas pelo Fundo Estadual de Construções Escolares, em convenio com as prefeituras.
EQUIPAMENTOS
Para cada colégio, o governo do Estado terá que gastar de 8 a 10 milhões de cruzeiros novos só em equipamentos. Serão materiais capazes de oferecer as melhores condições para que os alunos aprendam da maneira mais perfeita possível.
A fim de adquirir todos os equipamentos, o Estado será obrigado a lançar mão de financiamentos internacionais e convênios com governos estrangeiros. E isso já está sendo providenciado.
Entretanto, nem tudo virá do exterior. “Os tornos, por exemplo, serão comprados no Brasil, pois em nosso País são fabricados os melhores do mundo”, lembra o prof. Walter Costa. Na compra de tornos está previsto gasto da ordem de 30 milhões de cruzeiros novos, aproximadamente.
PROFESSORES
A preparação do corpo docente da rede de colégios técnicos vem-se desenvolvendo há tempos pelo Departamento do Ensino Profissional. Todos os professores vinculados àquele órgão são constantemente obrigados a freqüentar cursos de especialização “e o fazem demonstrando a melhor boa vontade”.
Além disso, êsses mestres são formados, em sua maioria, em cursos superiores, o que os levam a apresentar condições favoráveis à boa preparação do aluno. Segundo o diretor do DEPESP, “dentro de 5 anos, no máximo, teremos um corpo docente integrado somente por professores formados em faculdades. Isso será excelente”.
CURSOS
O Colégio Técnico de Marília iniciará suas atividades com os cursos de Agrimensura, Edificação e Estradas. Posteriormente, o seu currículo poderá ser acrescido dos cursos de Mecânica, Eletrônica, Eletrotécnica, Eletromecânica, Calcados e Mineração. Este último formará técnicos especialmente para a exploração das riquezas minerais do município de Itapeva – área de grande interesse do governo do Estado.
Dos alunos desses cursos será exigido tempo integral de estudo. Eles entrarão na escola às 7 horas da manhã e de lá só sairão às 17 horas, tomando refeições no próprio colégio, gratuitamente. Já àqueles que não residirem em Marília serão oferecidas bolsas de estudos e eles ficarão internos na escola.
O tempo de duração dos cursos do colégio técnico será de 4 anos.
Transcrito do Estadão do dia 3 de dezembro de 1969, dia em que eu completei 20 anos de idade e um ano e 7 meses de Jornalismo. É indispensável destacar que essa transcrição só foi possível graças ao empenho de Marcelo Leite Silveira, coordenador do Centro de Documentação e Informação do Grupo Estado, a quem eu fui devidamente recomendado pelo Amigo Francisco José Arouche Ornellas.
23/4/2008 17:49:21
Da Regional de Marília
Marília já se está preparando para a instalação do Colégio Técnico, um dos 33 estabelecimentos que o govêrno do Estado vai criar por meio do Departamento do Ensino Profissional de São Paulo, formando a maior rêde da América Latina. É o que anunciou o prof. Walter Costa, diretor do DEPESP, em recente visita a Marília.
O Colégio Técnico de Marília será instalado em 1971 no futuro “campus” de ensino técnico desta cidade, que se localizará em área de 45 mil metros quadrados, próximo ao contorno das estradas “Ribeiro de Barros” e Marília-Porto Ferrão. A doação do terreno, escolhido pelo diretor do Ensino Profissional, já está sendo preparada pela Prefeitura local, que enviará projeto de lei à Câmara de Vereadores, neste sentido.
Também as instalações do Colégio Técnico já estão sendo projetadas pelo arquiteto Raymond Trad, que anuncia um prédio grande, mas sem suntuosidade, conforme lhe pediu o diretor do Departamento do Ensino Profissional do Estado de São Paulo. A elaboração dêsse projeto será custeada pela Prefeitura Municipal de Marília, que prevê gastos da ordem de 20 a 30 mil cruzeiros novos. Assim que esse trabalho estiver concluído, o projeto será encaminhado ao DEPESP, que o estudará e fará modificações, se necessárias. Daí, a planta irá ao Fundo Estadual de Construções Escolares – FECE – que será o órgão encarregado de executar as obras de convenio com a Prefeitura de Marília.
Dos 33 estabelecimentos que o Departamento do Ensino Profissional, 21 serão oficiais e 12 funcionarão mediante convênios com escolas e fundações particulares. Entretanto, isso não impedirá que os cursos sejam totalmente gratuitos.
As cidades que serão beneficiadas com a instalação dos Colégios Técnicos já foram escolhidas, “por méritos e sem intervenções políticas” – afirmou o professor Walter Costa.
O início das atividades dos Colégios Técnicos não será apressado, pois não há interesse por parte do Departamento do Ensino Profissional em fazer funcionar escolas “capengas”. Atualmente, as preocupações do DEPESP são três: construção de prédios, aquisição de equipamentos e preparação do pessoal docente.
PRÉDIOS
A construção dos prédios onde serão instalados os Colégios Técnicos é fator importante para o professor Walter Costa, que não acha justo uma escola ser luxuosa por fora e vazia em seu interior. “Não importa que o prédio não seja nôvo ou não apresente beleza. Basta que ofereça condições para que o colégio possa funcionar adequadamente” – disse o diretor.
Nem todos os estabelecimentos terão instalações novas, pois muitos ginásios industriais serão transformados em colégios técnicos. Nesses casos haverá necessidade apenas de ampliação e adaptação nos prédios já existentes. Todas as obras serão executadas pelo Fundo Estadual de Construções Escolares, em convenio com as prefeituras.
EQUIPAMENTOS
Para cada colégio, o governo do Estado terá que gastar de 8 a 10 milhões de cruzeiros novos só em equipamentos. Serão materiais capazes de oferecer as melhores condições para que os alunos aprendam da maneira mais perfeita possível.
A fim de adquirir todos os equipamentos, o Estado será obrigado a lançar mão de financiamentos internacionais e convênios com governos estrangeiros. E isso já está sendo providenciado.
Entretanto, nem tudo virá do exterior. “Os tornos, por exemplo, serão comprados no Brasil, pois em nosso País são fabricados os melhores do mundo”, lembra o prof. Walter Costa. Na compra de tornos está previsto gasto da ordem de 30 milhões de cruzeiros novos, aproximadamente.
PROFESSORES
A preparação do corpo docente da rede de colégios técnicos vem-se desenvolvendo há tempos pelo Departamento do Ensino Profissional. Todos os professores vinculados àquele órgão são constantemente obrigados a freqüentar cursos de especialização “e o fazem demonstrando a melhor boa vontade”.
Além disso, êsses mestres são formados, em sua maioria, em cursos superiores, o que os levam a apresentar condições favoráveis à boa preparação do aluno. Segundo o diretor do DEPESP, “dentro de 5 anos, no máximo, teremos um corpo docente integrado somente por professores formados em faculdades. Isso será excelente”.
CURSOS
O Colégio Técnico de Marília iniciará suas atividades com os cursos de Agrimensura, Edificação e Estradas. Posteriormente, o seu currículo poderá ser acrescido dos cursos de Mecânica, Eletrônica, Eletrotécnica, Eletromecânica, Calcados e Mineração. Este último formará técnicos especialmente para a exploração das riquezas minerais do município de Itapeva – área de grande interesse do governo do Estado.
Dos alunos desses cursos será exigido tempo integral de estudo. Eles entrarão na escola às 7 horas da manhã e de lá só sairão às 17 horas, tomando refeições no próprio colégio, gratuitamente. Já àqueles que não residirem em Marília serão oferecidas bolsas de estudos e eles ficarão internos na escola.
O tempo de duração dos cursos do colégio técnico será de 4 anos.
Transcrito do Estadão do dia 3 de dezembro de 1969, dia em que eu completei 20 anos de idade e um ano e 7 meses de Jornalismo. É indispensável destacar que essa transcrição só foi possível graças ao empenho de Marcelo Leite Silveira, coordenador do Centro de Documentação e Informação do Grupo Estado, a quem eu fui devidamente recomendado pelo Amigo Francisco José Arouche Ornellas.
23/4/2008 17:49:21
Comentários
Sobre o colégio técnico, na verdade as coisas não caminharam como o anunciado. Não tenho lembranças exatas sobre aquela época, mas sei que aparentemente, o local indicado é onde está localizado hoje o setor universitário: entrocamento da Ribeiro de Barros (SP 294) com a Marília Porto Ferrão (SP 333). Que eu saiba por aqueles lados nunca houve outro investimento em educação que não o das universidades e escolas públicas regulares. Marília teve o Ginásio Industrial que funcionou durante muitos anos na praça central, em frente a prefeitura, mantendo cursos técnicos de nível médio onde hoje temos a biblioteca. Funcionou ali durante muitos anos e depois fechou. É do que me lembro, sem recorrer a qualquer pesquisa.
Hoje, existe a ETE (Escola Técnica Estadual) Antônio Devizati que mantém cursos técnicos nas áreas de enfermagem, técnico em segurança do trabalho e administração, em ensino médio. No ensino superior existe a Fatec com o curso de Tecnologia de Alimentos. Ambos funcionam em parte do que era a antiga fábrica da Cia. Artarctica Paulista (ou Bavária), na rua Castro Alves.
É disso que me lembro. Se ajudar, fico feliz.
Grande abraço e continuo aguardando aquela anunciada visita.
Lembranças a Sueli.
Luiz Carlos Lopes