Uma aula inesquecível
Cláudio Amaral
Minha passagem pelo Comércio da Franca (Franca - SP, a 400 quilômetros da capital paulista) foi uma das mais ricas dos meus (até então) 38 anos de Jornalismo, completados no dia 1º de maio de 2006.
Lá, costumo dizer, ensinei bastante e aprendi muito mais.
Todos me ensinaram: dos mais jovens e inexperientes (a grande maioria, na época) aos mais experientes.
E entre os experientes eu destaco a figura maiúscula do Professor (com P) Everton de Paula (foto).
Ele foi revisor, repórter, redator e editor do Comércio.
Hoje, além de participar do corpo diretivo da maior universidade de Franca, a Unifran, é, reconhecidamente, a maior autoridade da cidade e região (se não do Estado e do País) em Língua Portuguesa.
Pois bem: quando cheguei a Franca, no dia 4 de abril de 2005, para instruir e orientar o pessoal da Redação, fui informado que o Professor Everton de Paula dava aulas práticas de Português para os jornalistas do Comércio, um dos maiores e mais bem feitos jornais diários do Interior paulista e que no dia 30/6/2006 havia completado 91 anos de circulação ininterrupta.
Curioso, lá fui eu para a Criar, uma escola, ou melhor, “Sistema de Ensino de Língua Portuguesa”, assistir uma aula do Professor Everton.
Fui, gostei e nunca mais perdi as aulas dele.
Hoje, 10/9/2006, em casa, em São Paulo, em férias, dei de cara com um pró-memória de uma das aulas do Professor Everton.
Exatamente a aula do dia 5/7/2005.
Li tudo o que havia escrito na ocasião e agradeci a Deus por ter-me permitido assistir àquela aula e feito aquele pró-memória, que, como sempre, copiei para todos os jornalistas do Comércio da Franca no mesmo dia.
O tema da aula foi “Fato e inferência”
1. Fato é coisa feita, ocorrida, provada, verdadeira, verificada, testada, indiscutível, pertencente ao passado.
2. Inferência é a dedução pelo raciocínio, dedução baseada apenas em indícios e não em fatos. Inferência é opinião, discutível.
3. Inferência não é erro, é opção; é certo usar inferência; caso contrario, o jornal fica morno, inodoro, incolor.
4. Exemplo: Joaquim Carapuça é político (fato) muito sagaz (inferência).
5. A inferência pode e deve ser usada, tanto no relato jornalístico quanto em editoriais e artigos assinados, quando tiver por objetivos:
· Acatar política editorial do jornal;
· Promover opinião pública fundamentada na ética, bons costumes, princípios morais, progresso, harmonia...
6. A inferência deve ser evitada quando tiver por objetivos:
· Revanchismo;
· Confundir a opinião pública;
· Promover o ódio, a desordem, a imoralidade.
7. As inferências feitas no Comércio da Franca têm sido positivas. Para sustentar essa observação, o Professor Everton de Paula deu três exemplos:
· Legenda sob foto do prefeito Sidnei Rocha: “O prefeito... participa hoje de evento que vai marcar uma nova fase na cidade: compras pela Internet”; fato com quê de inferência, segundo o nosso mestre.
· Parágrafo final da mesma notícia: “A expectativa é de que, em um ano, o novo sistema possibilite uma economia de 20% nas compras municipais, o que representa R$ 4 milhões”; inferência positiva, segundo Everton de Paula.
· Período final de uma chamada de capa sob titulo “Defesa Civil decreta ‘situação de emergência’ em cidades da região”: “A medida abre caminho para que os prejudicados possam receber verbas do governo”. Nova inferência positiva.
8. Ele nos deu também dois exemplos de inferências negativas cometidas no Comércio:
· Chamada de capa: “O Franca Basquete pode estar próximo de sair da situação calamitosa que vem assolando o clube nos últimos anos”. Calamitosa, segundo de Paula, é a perda de um filho, a situação pós-tsunami, etc. O ideal, no caso do Franca Basquete, segundo ele, seria usar a palavra “reversível”; assim, a inferência altamente negativa seria positiva.
· “Guarani, desesperado, pega Ituano” = inferência negativa; o ideal seria “Guarani, esperançoso, pega Ituano” = inferência positiva.
9. O Professor Everton de Paula elogiou a edição especial; disse que foi a melhor de todas que já fizemos e acrescentou que o jornal deu um salto de 70% na melhoria da qualidade editorial.
10. Elogiou ainda o tratamento dado à coletiva do prefeito e afirmou que a manchete e o tema do dia mostram que “esse jornal também sabe amar”, porque “quando o prefeito fala, o jornal abre espaço para o que ele diz”.
11. Ele comentou o enunciado da manchete de hoje; destacou que o melhor seria usar, no lugar de “... disse, abandonando sua costumeira onipotência”, “...costumeira prepotência”.
10/7/2006 17:23:34
Minha passagem pelo Comércio da Franca (Franca - SP, a 400 quilômetros da capital paulista) foi uma das mais ricas dos meus (até então) 38 anos de Jornalismo, completados no dia 1º de maio de 2006.
Lá, costumo dizer, ensinei bastante e aprendi muito mais.
Todos me ensinaram: dos mais jovens e inexperientes (a grande maioria, na época) aos mais experientes.
E entre os experientes eu destaco a figura maiúscula do Professor (com P) Everton de Paula (foto).
Ele foi revisor, repórter, redator e editor do Comércio.
Hoje, além de participar do corpo diretivo da maior universidade de Franca, a Unifran, é, reconhecidamente, a maior autoridade da cidade e região (se não do Estado e do País) em Língua Portuguesa.
Pois bem: quando cheguei a Franca, no dia 4 de abril de 2005, para instruir e orientar o pessoal da Redação, fui informado que o Professor Everton de Paula dava aulas práticas de Português para os jornalistas do Comércio, um dos maiores e mais bem feitos jornais diários do Interior paulista e que no dia 30/6/2006 havia completado 91 anos de circulação ininterrupta.
Curioso, lá fui eu para a Criar, uma escola, ou melhor, “Sistema de Ensino de Língua Portuguesa”, assistir uma aula do Professor Everton.
Fui, gostei e nunca mais perdi as aulas dele.
Hoje, 10/9/2006, em casa, em São Paulo, em férias, dei de cara com um pró-memória de uma das aulas do Professor Everton.
Exatamente a aula do dia 5/7/2005.
Li tudo o que havia escrito na ocasião e agradeci a Deus por ter-me permitido assistir àquela aula e feito aquele pró-memória, que, como sempre, copiei para todos os jornalistas do Comércio da Franca no mesmo dia.
O tema da aula foi “Fato e inferência”
1. Fato é coisa feita, ocorrida, provada, verdadeira, verificada, testada, indiscutível, pertencente ao passado.
2. Inferência é a dedução pelo raciocínio, dedução baseada apenas em indícios e não em fatos. Inferência é opinião, discutível.
3. Inferência não é erro, é opção; é certo usar inferência; caso contrario, o jornal fica morno, inodoro, incolor.
4. Exemplo: Joaquim Carapuça é político (fato) muito sagaz (inferência).
5. A inferência pode e deve ser usada, tanto no relato jornalístico quanto em editoriais e artigos assinados, quando tiver por objetivos:
· Acatar política editorial do jornal;
· Promover opinião pública fundamentada na ética, bons costumes, princípios morais, progresso, harmonia...
6. A inferência deve ser evitada quando tiver por objetivos:
· Revanchismo;
· Confundir a opinião pública;
· Promover o ódio, a desordem, a imoralidade.
7. As inferências feitas no Comércio da Franca têm sido positivas. Para sustentar essa observação, o Professor Everton de Paula deu três exemplos:
· Legenda sob foto do prefeito Sidnei Rocha: “O prefeito... participa hoje de evento que vai marcar uma nova fase na cidade: compras pela Internet”; fato com quê de inferência, segundo o nosso mestre.
· Parágrafo final da mesma notícia: “A expectativa é de que, em um ano, o novo sistema possibilite uma economia de 20% nas compras municipais, o que representa R$ 4 milhões”; inferência positiva, segundo Everton de Paula.
· Período final de uma chamada de capa sob titulo “Defesa Civil decreta ‘situação de emergência’ em cidades da região”: “A medida abre caminho para que os prejudicados possam receber verbas do governo”. Nova inferência positiva.
8. Ele nos deu também dois exemplos de inferências negativas cometidas no Comércio:
· Chamada de capa: “O Franca Basquete pode estar próximo de sair da situação calamitosa que vem assolando o clube nos últimos anos”. Calamitosa, segundo de Paula, é a perda de um filho, a situação pós-tsunami, etc. O ideal, no caso do Franca Basquete, segundo ele, seria usar a palavra “reversível”; assim, a inferência altamente negativa seria positiva.
· “Guarani, desesperado, pega Ituano” = inferência negativa; o ideal seria “Guarani, esperançoso, pega Ituano” = inferência positiva.
9. O Professor Everton de Paula elogiou a edição especial; disse que foi a melhor de todas que já fizemos e acrescentou que o jornal deu um salto de 70% na melhoria da qualidade editorial.
10. Elogiou ainda o tratamento dado à coletiva do prefeito e afirmou que a manchete e o tema do dia mostram que “esse jornal também sabe amar”, porque “quando o prefeito fala, o jornal abre espaço para o que ele diz”.
11. Ele comentou o enunciado da manchete de hoje; destacou que o melhor seria usar, no lugar de “... disse, abandonando sua costumeira onipotência”, “...costumeira prepotência”.
10/7/2006 17:23:34
Comentários