James Dean, mito há mais de meio século
Sérgio Leitão
Especial para o Blogue Aos Estudantes de Jornalismo
Outro dia estava em busca de um bom filme nos canais de TV fechados, quando deparei com um dos meus favoritos, “Juventude Transviada”, segundo filme do rebelde sem causa James Dean (foto), produção de 1955, dirigido por Nicholas Ray. Imagino que quem se interessa por cinema sabe que Dean morreu naquele mesmo ano, em um acidente de carro, na Califórnia.
O que muitos não devem saber é que quase todo o elenco principal deste filme morreu em circunstâncias igualmente trágicas. Natalie Wood, a mocinha da trama, morreu afogada, ao cair de um barco, em novembro de 1981, com apenas 43 anos. Sal Mineo, que faz o papel do jovem Plato, um adolescente solitário e complexo, foi assassinado a facada na porta de casa, em Los Angeles, aos 37 anos, em 1976. Seu algoz, Lionel Ray, aparentemente um garoto de programa, acabou preso e sentenciado a prisão perpétua, em 1979. Nick Adams, que na vida real era um dos amigos mais chegados a Dean, morreu de overdose em 1968, também aos 37 anos.
Há quase 53 anos (dia 30 de setembro de 1955), quando o sol já se escondia, um jovem de 24 anos, apaixonado por velocidade, que dirigia sua novinha e possante Porsche a uma corrida de carro na qual participaria na Califórnia, colidiu com outro veículo e teve morte instantânea. Saiu do mundo para entrar na história. Mais ainda: virou mito. Seria um acidente como qualquer outro, levando-se em conta que batidas numa estrada federal de mão-dupla são por demais corriqueiras. Só que a vítima não era um ser humano qualquer: tratava-se de James Byron Dean, astro de apenas três filmes, para muitos, o maior talento surgido em Hollywood desde Marlon Brando, por sinal, seu grande ídolo.
Com certeza, o fato de ter morrido no auge da curta carreira fez com que Dean passasse a ser reverenciado por jovens do mundo inteiro, principalmente por conta de sua magnífica atuação no filme “Rebel Without a Cause” que, no Brasil, recebeu o sugestivo título de “Juventude Transviada”. Este, aliás, ficou marcado como sendo “o filme de Dean”, aquele que maior influência exerceu sobre seus fãs. O blusão vermelho, o canivete tipo switchplay, tudo isso bateu forte entre as pessoas que curtiram o filme.
Mas, quem foi James Dean? Por que exerce tanto fascínio junto aos jovens, passando de geração a geração? Dizem que ele só virou mito porque morreu cedo. Será? Na época de sua morte, um outro ator que se destacava nas telas - Robert Francis - também morreu (de desastre aéreo) e logo foi esquecido. Que outros astros do cinema e da música se tornaram mitológicos somente após a morte? Podemos citar pelo menos três: a diva Marilyn Monroe, o roqueiro Jimi Hendrix e o jamaicano do reggae, Bob Marley. Talvez, em menor escala, também Rudolph Valentino. Outros jovens mortos não se tornariam mitos, exceto para meia dúzia de aficionados, casos do ator River Phoenix e do genial John Lennon. Elvis Presley? Nem tanto, porque em sua época, antes do surgimento dos Beatles, Presley era, seguramente, o artista mais famoso do mundo. A diferença, quem sabe, é que Dean representava a dissidência contra todo o status quo de então, enquanto Presley fazia o tipo “o partido que toda mãe gostaria de ter como genro”.
Pois bem: quem era James Dean? Nascido numa pequena cidade (Marion-20 mil habitantes) do estado americano de Indiana, no dia 8 de fevereiro de 1931, perdeu a mãe (Mildred) aos nove anos (“por que minha mãe teve que me largar sozinho, com apenas nove anos?”, teria protestado o jovem órfão), passando a ser criado em Fairmount, vizinha a Marion, numa fazenda, por um casal de tios - Marcus e Ortense. Seu pai, o protético Winton Dean, funcionário público federal que fora transferido para a Califórnia quando o pequeno Jim tinha apenas cinco anos, jamais teve grande afinidade com o filho. Com seu desaparecimento prematuro, até hoje Dean passa para as gerações a imagem de um jovem bonito e saudável. Seu carisma continua em alta, tanto que, segundo uma revista americana da área do entretenimento, os herdeiros de Dean ainda arrecadam, por ano, cerca de oito milhões de dólares somente em direitos autorais sobre produtos ligados à imagem do grande ídolo.
Junto a diversas pessoas que conviveram ou trabalharam com ele, Dean recebeu o que os americanos chamam de “mixed reviews”, ou seja, enquanto uns diziam que ele era um cara legal, outros só faltaram confessar que se tratava de um “babaca”. Entre os que só tiveram elogios para ele, cito o ator Dennis Hopper (trabalhou em Juventude Transviada e em Assim Caminha a Humanidade), e da bela Natalie Wood, seu par romântico em Juventude Transviada. “Com a gente, ele era muito legal, super atencioso”, disse Hopper, que, em 1985, participou de um festival internacional de cinema, no Rio. Natalie quase confessou que teria transado com ele. “Jim was sweet” (Jim era doce), disse, em entrevista coletiva, no Copacabana Palace, em 1968, quando veio assistir ao Carnaval carioca.
Já Elia Kazan, diretor do primeiro filme de Dean, “Vidas Amargas”, não quis se prolongar muito sobre a personalidade e o caráter do jovem rebelde: “He was a spoiled kid” (ele era um menino mimado), limitava-se a dizer. Para quem não sabe, quando buscava um ator para o papel principal de seu filme, por sugestão de um amigo, Kazan foi assistir à peça “See the Jaguar”, na Broadway, ficando impressionado com a interpretação de Dean. Convidado, após alguns testes, o jovem ator ganhou o papel de Caleb Trask.
Mas, na vida real, como evitasse dar linha ao papo sobre James Dean, o veterano diretor, pelo visto, não reunia boas memórias dos tempos em que trabalharam juntos. Sabe-se que o diretor de Assim Caminha a Humanidade (Giant), George Stevens, também chegou a perder as estribeiras com o jovem astro que, repetidas vezes, chegara atrasado às gravações, o que resultou em graves prejuízos para os produtores. O astro do filme, Rock Hudson, era outro que não se sentia à vontade para falar sobre Dean, pois, para não ter que elogiá-lo, preferia o silêncio. Dizem que Hudson sentia inveja de Dean, que invariavelmente roubava a cena quando os dois contracenavam.
O que ninguém jamais negou é que Dean era, de fato, um talento raro, diferenciado. Basta lembrar que, em seus três filmes, foi indicado para dois prêmios Oscar de melhor ator (em 1955/Vidas Amargas; e 1956/Assim Caminha a Humanidade), perdendo em ambas as ocasiões, para Ernest Borgnine (Marty) e Yul Brynner (O rei e eu), respectivamente.
Para muitos de seus “conhecidos”, pois, assim como em seu papel em “Juventude Transviada”, tinha poucos amigos, Dean era descrito como “uma pessoa complexa, dentro ou fora de cena”. Ele seria um exibicionista, um solitário, muito charmoso, mas realmente esquisito. Mas, segundo o autor-produtor de teatro Bill Bast, com quem Dean dividira um apartamento no tempo das “vacas magras”, em Nova York, James podia tanto parecer educado como rude, “mas, acima de tudo, era um cara autêntico, que amava a velocidade”.
Uma polêmica que envolve a personalidade de Dean é a de que ele seria gay. Em seu excelente livro “The Mutant King” (O Rei Mutante), lançado em 1974, o autor David Dalton aborda o tema. O que Dalton apurou e que fica claro é de que Dean, nos tempos difíceis, logo que chegou a Nova York para estudar no Actors´ Studio, no início da década de 50, teria se relacionado com gente do meio artístico (diretores, produtores, escritores), muitos dos quais eram homossexuais. Só que, garantem pessoas que conviveram com ele, James não era passivo. Aliás, são muitas as beldades que, aparentemente, teriam dividido o prazer na cama com o jovem e promissor ator, entre as quais a bela suíça Ursula Andress, a atriz Terry Moore, a cantora negra Eartha Kitt, e, quem sabe, até a famosa Elizabeth Taylor, que co-estrelou e contracenou com Dean em Giant.
Sua grande paixão, todavia, foi a atriz italiana Píer Angeli, que rompeu com ele para se casar com o cantor ítalo-americano Vic Damone, para desespero de Dean que, no dia do casamento da amada, estacionou em frente à igreja, de lá saindo com sua motocicleta roncando, ao ver os noivos deixando o local, já casados. Bob Pulley, seu colega de high-school em Fairmount, Indiana, garantia que o ator era “espada”. Pulley, também, elogiava os talentos de Jim como esportista: na escola, ele se destacara nas equipes de atletismo, beisebol e basquetebol.
De seus três filmes, Jimmy só teve a oportunidade de assistir ao primeiro (Vidas Amargas). Quando os dois outros foram lançados, ele já estava morto. Sua carreira cinematográfica durou, portanto, apenas 16 meses. Apesar disso, sua meteórica presença nas telas foi considerada tão dinâmica, seu trabalho tão extraordinário, que Dean conseguiu galgar para si um lugar entre os imortais de Hollywood . “Juventude Transviada”, aliás, foi lançado no dia 3 de outubro de 1955, exatos três dias após a tragédia que o vitimou. “Giant” somente foi lançado em 1956.
Com a confusão que deu entre o lançamento de seus dois últimos filmes e a sua morte, os fãs simplesmente não quiseram acreditar que Dean estivesse mesmo morto. Muitos diziam que tudo não passava de um astuto golpe publicitário da Warner Brothers. Apesar dos registros e das fotos do acidente, seus admiradores se recusavam a aceitar a verdade, muitos alegando, inclusive, que o enterro no cemitério de Fairmount não passava de uma brincadeira de mau gosto, uma farsa, e que o túmulo dele estava vazio. Dean, sustentavam os mais fanáticos, estaria se recuperando das múltiplas fraturas em um sanatório da Califórnia, pois seu rosto estaria deformado.
Mas, infelizmente, todo esse frenesi não podia esconder a realidade - a de que James Dean, realmente, estava morto. Seu carro Porsche Spyder, que ele apelidara de “Little Bastard” (Pequeno Bastardo), virara destroços. Dean morreu ao volante, com o pescoço quebrado. Seu mecânico, o alemão Rolf Wutherich, que o acompanhava a Salinas na fatídica tarde, como co-piloto, machucou-se todo, foi cuspido do carro, mas salvou-se. Dean morreu às 17:45h, após a batida contra uma caminhonete Ford, cujo motorista safou-se, com pequenas escoriações. Ironia do destino, menos de uma hora antes do acidente, Jimmy fora parado e multado na estrada por excesso de velocidade. E lembrar que ele chegara a pensar em transportar seu bólido de caminhão. Só que seu destino estava traçado.
Se James Dean continuaria famoso até hoje, é impossível afirmar. Afinal, Paul Newman, que foi seu contemporâneo (perdeu a disputa com ele pelo papel principal em Vidas Amargas), e que de alguma forma o substituiu nos corações e mentes de tantos amantes do cinema, hoje, aos 83 anos, aparece em alguns filmes, não mais no papel principal. Afinal, o tempo é inexorável. E para Dean, que se foi jovem demais, o tempo não passou. A imagem que ficou dele é a de um eterno jovem.
O que muitos não devem saber é que quase todo o elenco principal deste filme morreu em circunstâncias igualmente trágicas. Natalie Wood, a mocinha da trama, morreu afogada, ao cair de um barco, em novembro de 1981, com apenas 43 anos. Sal Mineo, que faz o papel do jovem Plato, um adolescente solitário e complexo, foi assassinado a facada na porta de casa, em Los Angeles, aos 37 anos, em 1976. Seu algoz, Lionel Ray, aparentemente um garoto de programa, acabou preso e sentenciado a prisão perpétua, em 1979. Nick Adams, que na vida real era um dos amigos mais chegados a Dean, morreu de overdose em 1968, também aos 37 anos.
Há quase 53 anos (dia 30 de setembro de 1955), quando o sol já se escondia, um jovem de 24 anos, apaixonado por velocidade, que dirigia sua novinha e possante Porsche a uma corrida de carro na qual participaria na Califórnia, colidiu com outro veículo e teve morte instantânea. Saiu do mundo para entrar na história. Mais ainda: virou mito. Seria um acidente como qualquer outro, levando-se em conta que batidas numa estrada federal de mão-dupla são por demais corriqueiras. Só que a vítima não era um ser humano qualquer: tratava-se de James Byron Dean, astro de apenas três filmes, para muitos, o maior talento surgido em Hollywood desde Marlon Brando, por sinal, seu grande ídolo.
Com certeza, o fato de ter morrido no auge da curta carreira fez com que Dean passasse a ser reverenciado por jovens do mundo inteiro, principalmente por conta de sua magnífica atuação no filme “Rebel Without a Cause” que, no Brasil, recebeu o sugestivo título de “Juventude Transviada”. Este, aliás, ficou marcado como sendo “o filme de Dean”, aquele que maior influência exerceu sobre seus fãs. O blusão vermelho, o canivete tipo switchplay, tudo isso bateu forte entre as pessoas que curtiram o filme.
Mas, quem foi James Dean? Por que exerce tanto fascínio junto aos jovens, passando de geração a geração? Dizem que ele só virou mito porque morreu cedo. Será? Na época de sua morte, um outro ator que se destacava nas telas - Robert Francis - também morreu (de desastre aéreo) e logo foi esquecido. Que outros astros do cinema e da música se tornaram mitológicos somente após a morte? Podemos citar pelo menos três: a diva Marilyn Monroe, o roqueiro Jimi Hendrix e o jamaicano do reggae, Bob Marley. Talvez, em menor escala, também Rudolph Valentino. Outros jovens mortos não se tornariam mitos, exceto para meia dúzia de aficionados, casos do ator River Phoenix e do genial John Lennon. Elvis Presley? Nem tanto, porque em sua época, antes do surgimento dos Beatles, Presley era, seguramente, o artista mais famoso do mundo. A diferença, quem sabe, é que Dean representava a dissidência contra todo o status quo de então, enquanto Presley fazia o tipo “o partido que toda mãe gostaria de ter como genro”.
Pois bem: quem era James Dean? Nascido numa pequena cidade (Marion-20 mil habitantes) do estado americano de Indiana, no dia 8 de fevereiro de 1931, perdeu a mãe (Mildred) aos nove anos (“por que minha mãe teve que me largar sozinho, com apenas nove anos?”, teria protestado o jovem órfão), passando a ser criado em Fairmount, vizinha a Marion, numa fazenda, por um casal de tios - Marcus e Ortense. Seu pai, o protético Winton Dean, funcionário público federal que fora transferido para a Califórnia quando o pequeno Jim tinha apenas cinco anos, jamais teve grande afinidade com o filho. Com seu desaparecimento prematuro, até hoje Dean passa para as gerações a imagem de um jovem bonito e saudável. Seu carisma continua em alta, tanto que, segundo uma revista americana da área do entretenimento, os herdeiros de Dean ainda arrecadam, por ano, cerca de oito milhões de dólares somente em direitos autorais sobre produtos ligados à imagem do grande ídolo.
Junto a diversas pessoas que conviveram ou trabalharam com ele, Dean recebeu o que os americanos chamam de “mixed reviews”, ou seja, enquanto uns diziam que ele era um cara legal, outros só faltaram confessar que se tratava de um “babaca”. Entre os que só tiveram elogios para ele, cito o ator Dennis Hopper (trabalhou em Juventude Transviada e em Assim Caminha a Humanidade), e da bela Natalie Wood, seu par romântico em Juventude Transviada. “Com a gente, ele era muito legal, super atencioso”, disse Hopper, que, em 1985, participou de um festival internacional de cinema, no Rio. Natalie quase confessou que teria transado com ele. “Jim was sweet” (Jim era doce), disse, em entrevista coletiva, no Copacabana Palace, em 1968, quando veio assistir ao Carnaval carioca.
Já Elia Kazan, diretor do primeiro filme de Dean, “Vidas Amargas”, não quis se prolongar muito sobre a personalidade e o caráter do jovem rebelde: “He was a spoiled kid” (ele era um menino mimado), limitava-se a dizer. Para quem não sabe, quando buscava um ator para o papel principal de seu filme, por sugestão de um amigo, Kazan foi assistir à peça “See the Jaguar”, na Broadway, ficando impressionado com a interpretação de Dean. Convidado, após alguns testes, o jovem ator ganhou o papel de Caleb Trask.
Mas, na vida real, como evitasse dar linha ao papo sobre James Dean, o veterano diretor, pelo visto, não reunia boas memórias dos tempos em que trabalharam juntos. Sabe-se que o diretor de Assim Caminha a Humanidade (Giant), George Stevens, também chegou a perder as estribeiras com o jovem astro que, repetidas vezes, chegara atrasado às gravações, o que resultou em graves prejuízos para os produtores. O astro do filme, Rock Hudson, era outro que não se sentia à vontade para falar sobre Dean, pois, para não ter que elogiá-lo, preferia o silêncio. Dizem que Hudson sentia inveja de Dean, que invariavelmente roubava a cena quando os dois contracenavam.
O que ninguém jamais negou é que Dean era, de fato, um talento raro, diferenciado. Basta lembrar que, em seus três filmes, foi indicado para dois prêmios Oscar de melhor ator (em 1955/Vidas Amargas; e 1956/Assim Caminha a Humanidade), perdendo em ambas as ocasiões, para Ernest Borgnine (Marty) e Yul Brynner (O rei e eu), respectivamente.
Para muitos de seus “conhecidos”, pois, assim como em seu papel em “Juventude Transviada”, tinha poucos amigos, Dean era descrito como “uma pessoa complexa, dentro ou fora de cena”. Ele seria um exibicionista, um solitário, muito charmoso, mas realmente esquisito. Mas, segundo o autor-produtor de teatro Bill Bast, com quem Dean dividira um apartamento no tempo das “vacas magras”, em Nova York, James podia tanto parecer educado como rude, “mas, acima de tudo, era um cara autêntico, que amava a velocidade”.
Uma polêmica que envolve a personalidade de Dean é a de que ele seria gay. Em seu excelente livro “The Mutant King” (O Rei Mutante), lançado em 1974, o autor David Dalton aborda o tema. O que Dalton apurou e que fica claro é de que Dean, nos tempos difíceis, logo que chegou a Nova York para estudar no Actors´ Studio, no início da década de 50, teria se relacionado com gente do meio artístico (diretores, produtores, escritores), muitos dos quais eram homossexuais. Só que, garantem pessoas que conviveram com ele, James não era passivo. Aliás, são muitas as beldades que, aparentemente, teriam dividido o prazer na cama com o jovem e promissor ator, entre as quais a bela suíça Ursula Andress, a atriz Terry Moore, a cantora negra Eartha Kitt, e, quem sabe, até a famosa Elizabeth Taylor, que co-estrelou e contracenou com Dean em Giant.
Sua grande paixão, todavia, foi a atriz italiana Píer Angeli, que rompeu com ele para se casar com o cantor ítalo-americano Vic Damone, para desespero de Dean que, no dia do casamento da amada, estacionou em frente à igreja, de lá saindo com sua motocicleta roncando, ao ver os noivos deixando o local, já casados. Bob Pulley, seu colega de high-school em Fairmount, Indiana, garantia que o ator era “espada”. Pulley, também, elogiava os talentos de Jim como esportista: na escola, ele se destacara nas equipes de atletismo, beisebol e basquetebol.
De seus três filmes, Jimmy só teve a oportunidade de assistir ao primeiro (Vidas Amargas). Quando os dois outros foram lançados, ele já estava morto. Sua carreira cinematográfica durou, portanto, apenas 16 meses. Apesar disso, sua meteórica presença nas telas foi considerada tão dinâmica, seu trabalho tão extraordinário, que Dean conseguiu galgar para si um lugar entre os imortais de Hollywood . “Juventude Transviada”, aliás, foi lançado no dia 3 de outubro de 1955, exatos três dias após a tragédia que o vitimou. “Giant” somente foi lançado em 1956.
Com a confusão que deu entre o lançamento de seus dois últimos filmes e a sua morte, os fãs simplesmente não quiseram acreditar que Dean estivesse mesmo morto. Muitos diziam que tudo não passava de um astuto golpe publicitário da Warner Brothers. Apesar dos registros e das fotos do acidente, seus admiradores se recusavam a aceitar a verdade, muitos alegando, inclusive, que o enterro no cemitério de Fairmount não passava de uma brincadeira de mau gosto, uma farsa, e que o túmulo dele estava vazio. Dean, sustentavam os mais fanáticos, estaria se recuperando das múltiplas fraturas em um sanatório da Califórnia, pois seu rosto estaria deformado.
Mas, infelizmente, todo esse frenesi não podia esconder a realidade - a de que James Dean, realmente, estava morto. Seu carro Porsche Spyder, que ele apelidara de “Little Bastard” (Pequeno Bastardo), virara destroços. Dean morreu ao volante, com o pescoço quebrado. Seu mecânico, o alemão Rolf Wutherich, que o acompanhava a Salinas na fatídica tarde, como co-piloto, machucou-se todo, foi cuspido do carro, mas salvou-se. Dean morreu às 17:45h, após a batida contra uma caminhonete Ford, cujo motorista safou-se, com pequenas escoriações. Ironia do destino, menos de uma hora antes do acidente, Jimmy fora parado e multado na estrada por excesso de velocidade. E lembrar que ele chegara a pensar em transportar seu bólido de caminhão. Só que seu destino estava traçado.
Se James Dean continuaria famoso até hoje, é impossível afirmar. Afinal, Paul Newman, que foi seu contemporâneo (perdeu a disputa com ele pelo papel principal em Vidas Amargas), e que de alguma forma o substituiu nos corações e mentes de tantos amantes do cinema, hoje, aos 83 anos, aparece em alguns filmes, não mais no papel principal. Afinal, o tempo é inexorável. E para Dean, que se foi jovem demais, o tempo não passou. A imagem que ficou dele é a de um eterno jovem.
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