Minha aventura pela BR 153
Cláudio Amaral
Minha primeira viagem como jornalista e repórter do Jornal do Comércio de Marília foi pela BR 153, ou melhor, pelo leito daquela que viria a ser a Rodovia Transbrasiliana em território paulista.
Foi no segundo semestre de 1969, quando os militares estavam com tudo, no Brasil inteiro.
Era o Exército quem comandava a implantação da Transbrasiliana.
Por quê?
Por conta da força política dos militares que derrubaram João Goulart em março de 1964 e assumiram o poder central no Brasil, pelo fato de a Transbrasiliana ser considerada uma rodovia de integração nacional e dada à experiência que o Exército possuía na abertura de estradas de rodagem em locais e condições desfavoráveis.
Dois coronéis do Exército que freqüentavam a direção do Jornal do Comércio de Marília ofereceram ao meu patrão, e Mestre, Irigino Camargo, a oportunidade de o JC relatar com exclusividade aos seus leitores como estavam as obras e como seria a BR 153 em solo paulista.
Tanto Irigino quanto eu topamos na hora a empreitada.
Ao me convidar e após confirmar minha viagem ao lado dos dois coronéis, um médico e um dentista, Irigino Camargo fez uma exigência: eu não deveria comentar o assunto na casa de minha noiva, pois o pai dela e o irmão mais velho eram jornalistas do Correio de Marília. Ela, também.
Mestre Irigino temia que eles, José Arnaldo (meu futuro sogro) e José Cláudio Bravos, tentassem fazer a mesma reportagem, caso soubessem de minha viagem.
“Pior”, me disse ele, “se eles conseguirem e vierem a publicar no Correio de Marília antes de nós”.
Eu entendi o recado e fiquei apreensivo. Tanto que não dormi na noite que antecedeu minha ida a São José do Rio Preto.
Às 5 horas da madrugada uma viatura do Exército parou na porta da Pensão São Bento, na Rua 9 de Julho. Embarquei e nela fui até a sede da unidade militar que era responsável pela Transbrasiliana, em São José do Rio Preto.
Lá, assisti a uma detalhada explanação a respeito da BR 153, que estava programada para cortar o Brasil de norte a sul.
Depois do almoço, saímos, repórter e engenheiros do Exército, para conhecer na prática cada detalhe que nos foi apresentado na teoria.
Dormimos no meio do caminho, em barracas, como se estivéssemos em batalha.
No dia seguinte, concluímos a viagem ao percorrer o trecho final do nosso caminho.
No terceiro dia, de volta à Redação do JC, escrevi minha primeira grande reportagem: uma série que rendeu a manchete de cada edição nos cinco dias seguintes.
Quando leram meu primeiro texto, os outros dois jornais de Marília foram para cima dos coronéis baseados em Marília e também abordaram o assunto. Mas, jamais conseguiram tratar da questão com tamanha riqueza de detalhes. Até porque eu fiz o trecho completo da BR 153 em território paulista, começando na divisa com Minas Gerais e terminando na linha divisória com o Paraná. E eles... não. Eles tiveram que se contentar com as informações oficiais.
Em tempo: a Transbrasiliana é a quarta maior rodovia do Brasil, ligando a cidade de Marabá (Pará) ao município de Aceguá (Rio Grande do Sul), totalizando 4 355 quilômetros de extensão. Saiba mais a respeito em http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-153.
4/3/2008 18:40:36
Minha primeira viagem como jornalista e repórter do Jornal do Comércio de Marília foi pela BR 153, ou melhor, pelo leito daquela que viria a ser a Rodovia Transbrasiliana em território paulista.
Foi no segundo semestre de 1969, quando os militares estavam com tudo, no Brasil inteiro.
Era o Exército quem comandava a implantação da Transbrasiliana.
Por quê?
Por conta da força política dos militares que derrubaram João Goulart em março de 1964 e assumiram o poder central no Brasil, pelo fato de a Transbrasiliana ser considerada uma rodovia de integração nacional e dada à experiência que o Exército possuía na abertura de estradas de rodagem em locais e condições desfavoráveis.
Dois coronéis do Exército que freqüentavam a direção do Jornal do Comércio de Marília ofereceram ao meu patrão, e Mestre, Irigino Camargo, a oportunidade de o JC relatar com exclusividade aos seus leitores como estavam as obras e como seria a BR 153 em solo paulista.
Tanto Irigino quanto eu topamos na hora a empreitada.
Ao me convidar e após confirmar minha viagem ao lado dos dois coronéis, um médico e um dentista, Irigino Camargo fez uma exigência: eu não deveria comentar o assunto na casa de minha noiva, pois o pai dela e o irmão mais velho eram jornalistas do Correio de Marília. Ela, também.
Mestre Irigino temia que eles, José Arnaldo (meu futuro sogro) e José Cláudio Bravos, tentassem fazer a mesma reportagem, caso soubessem de minha viagem.
“Pior”, me disse ele, “se eles conseguirem e vierem a publicar no Correio de Marília antes de nós”.
Eu entendi o recado e fiquei apreensivo. Tanto que não dormi na noite que antecedeu minha ida a São José do Rio Preto.
Às 5 horas da madrugada uma viatura do Exército parou na porta da Pensão São Bento, na Rua 9 de Julho. Embarquei e nela fui até a sede da unidade militar que era responsável pela Transbrasiliana, em São José do Rio Preto.
Lá, assisti a uma detalhada explanação a respeito da BR 153, que estava programada para cortar o Brasil de norte a sul.
Depois do almoço, saímos, repórter e engenheiros do Exército, para conhecer na prática cada detalhe que nos foi apresentado na teoria.
Dormimos no meio do caminho, em barracas, como se estivéssemos em batalha.
No dia seguinte, concluímos a viagem ao percorrer o trecho final do nosso caminho.
No terceiro dia, de volta à Redação do JC, escrevi minha primeira grande reportagem: uma série que rendeu a manchete de cada edição nos cinco dias seguintes.
Quando leram meu primeiro texto, os outros dois jornais de Marília foram para cima dos coronéis baseados em Marília e também abordaram o assunto. Mas, jamais conseguiram tratar da questão com tamanha riqueza de detalhes. Até porque eu fiz o trecho completo da BR 153 em território paulista, começando na divisa com Minas Gerais e terminando na linha divisória com o Paraná. E eles... não. Eles tiveram que se contentar com as informações oficiais.
Em tempo: a Transbrasiliana é a quarta maior rodovia do Brasil, ligando a cidade de Marabá (Pará) ao município de Aceguá (Rio Grande do Sul), totalizando 4 355 quilômetros de extensão. Saiba mais a respeito em http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-153.
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